Arranjos Corais
- Renato Brito

- 8 de nov. de 2019
- 2 min de leitura
- "Que música eu levo para o coral no próximo ensaio?".
Essa pergunta assombra todos/as os/as regentes. Não é fácil. São vários os fatores que definem o repertório de um coral: habilidade do/a regente; proposta estética; acessibilidade técnica das peças em relação ao coro; religião; ocasião de apresentações; tradição; custos da aquisição de partituras; patrocínio; criação; etc.
Eu que tenho esse comichão de sempre criar novas melodias acabo levando para os corais músicas novas ou arranjos corais de canções conhecidas. Alguns/algumas regentes discordariam. O coro deveria cantar apenas o repertório coral consagrado e o esforço de regentes em criar e escrever arranjos resulta em músicas de menor qualidade. Eu discordo. Desde que conheci em 2008 o Dr. Eduardo Lakschevitz, professor da UNIRIO, em um maravilhoso Painel Funarte de Regência de Corais em Crato, Ceará, fiquei mais audacioso e sempre incluo no repertório músicas e arranjos do meu velho Finale. Sim, reconheço que tenho que comer muito feijão com arroz para chegar aos pés da criatividade em arranjo coral demonstrada por Lakchevitz nas partituras que cantamos naquela produtiva semana. Entretanto, ver que aquilo era possível me motivou a tirar a Harmonia e o Contraponto da gaveta.
Desse modo, escrevo pensando em gente, nem sempre pensando em música. Penso: o que funciona mais para meu coral? Com que harmonia está mais acostumado? Que desafios meu coral precisa? Qual é a extensão das vozes para além dos manuais? O que as pessoas do meu coral gostariam de cantar? Que música seria mais significativa cantar? E o Sagrado deles/delas? E o Político?
Depois de escolher o rio, há de se nadar considerando a corrente! Isso porque, como compositor e arranjador, não tenho controle completo da música que eu escrevo. Posso fazer algumas escolhas, mas as direções serão dadas por aquilo que não pode ser dito, mensurado e calculado. Tem a ver com a Beleza e a busca por ela. Tem a ver com o que pode funcionar e o que me parece perfeito. Tem a ouvir daquilo que te faz colocar a barra final ou adiar aquele artesanato sonoro, para ser finalizado depois, quando o vento voltar a soprar e com ele a fruição.
Esse é o meu caminho. Não penso que todos/todas os/as regentes devem ser compositores/as e/ou arranjadores/as. Essa é minha defesa singela dos arranjos corais e da composição coral contemporânea, que se propõe acessível a corais amadores - amadores no sentido de amar o que fazem e estarem na sala do coro, porque querem cantar, sem necessariamente serem remunerados por essa atividade.
Soe o arranjo coral! Cantem os corais amadores!



Comentários